terça-feira, 13 de março de 2012

MANUAL DO CUIDADOR - HOME CARE

Apresentação
O termo Home Care é de origem inglesa. A palavra "Home" significa "lar", e a palavra "Care" traduz-se por "cuidados". Portanto, a expressão Home Care designa literalmente: cuidados no lar.
O Home Care oferece uma prestação de serviços em saúde em que a empresa provê cuidados, tratamentos, produtos, equipamentos, serviços especializados e específicos para cada paciente.
Os principais objetivos do internamento domiciliar são: reintegrar o paciente em seu núcleo familiar uma vez que o contato com os entes queridos ajudam na melhora do psicológico e favorece o quadro clínico do paciente, proporcionar uma assistência humanizada e integral, estimular a participação da família no tratamento proposto, melhorar o nível de independência, minimizando os efeitos das incapacidades ou doenças, visando à redução de custos, otimização da rotatividade dos leitos hospitalares para pacientes que realmente exigem esse atendimento em uma unidade hospitalar.
O cuidador é fundamental para auxiliar o paciente na sua recuperação. Este deve ser uma pessoa ou profissional treinada, responsável que realizará todos os procedimentos médicos (administração de medicamentos, trocas de curativo, observação de sinais e sintomas, tais como febre, diarréia, entre outros), higiene pessoal, do ambiente, equipamentos e preparo e administração das dietas.
Neste material seguem orientações a respeito dos assuntos abordados acima e bem como o esclarecimento de dúvidas a respeito de como um cuidador deve dar assistência ao paciente domiciliar para que ele e sua família se sintam seguros, colaborando assim para sua recuperação e qualidade de vida.





Competência do cuidador
Cuidados com o paciente
-Auxílio na higiene oral e íntima:
-Cuidado corporal: Cabelo, unhas, pele, barba, banho parcial ou completo;
-Estimular e auxiliar na alimentação, se acamado, sempre com decúbito elevado;
-Auxiliar sair da cama, mesa/cadeira e voltar;
-Ajudar na locomoção e atividades físicas apoiadas (andar, tomar sol, movimentar as articulações);
-Fazer mudança de decúbito e massagem de conforto;
-Servir de elo entre o doente/família e a equipe de saúde;
-Administrar medicações conforme prescrição;
-Comunicar a equipe de saúde as intercorrências.

Cuidados com o ambiente
O ambiente deve ser adaptado de acordo com a necessidade do paciente, para evitar quedas e facilitar o trabalho do cuidador, é importante deixar apenas os móveis necessários no local onde o paciente vai permanecer. Porém deve-se deixar alguns objetos que ele goste para não mudar totalmente o seu ambiente. A limpeza do local é fundamental para a recuperação do paciente.
Alguns exemplos de adaptações:
Segurança:
*O piso do banheiro e do quarto devem ser antiderrapante para evitar escorregões e quedas. Deve-se ainda ter corrimão para o paciente apoiar na hora do banho. O cuidador deve supervisionar o paciente durante o banho.
*O sofá, poltrona, cadeira e vasos sanitários devem ser firmes e fortes, ter apoio lateral, que permita à pessoa cuidada se sentar e se levantar com segurança.
*Retire tapetes, capachos, tacos e fios soltos, para facilitar a circulação do cuidador e da pessoa cuidada e também evitar acidentes.
*Atentar para os calçados do paciente, que deverão ser seguros e confortáveis.
*Evitar utilizar determinados produtos de limpeza (cera, removedor).
*Deixar o paciente fora do alcance de material inflamável: Fogão, fósforos, isqueiros.
Equipamentos
O cuidador deverá ter um maior cuidado ao manusear e higienizar alguns equipamentos e materiais:

Sonda: tubo fino (sonda gástrica ou entérica) ou mais calibroso (sonda de gastrostomia) e flexível de material tipo poliuretano ou silicone que permite o alimento chegar ao estômago ou além dele.

Frasco plástico: Necessário para dietas de sistema aberto. Recipiente de plástico, graduado e com capacidade para 300 ou 500 ml para acondicionamento da dieta enteral.
Equipo: tubo de PVC com cone que permite o transporte da dieta enteral do frasco à sonda do paciente.
Seringa de 50 ml: para higienização da sonda.
Esparadrapo hipoalergênico: para fixação da sonda.
Bomba de infusão (desde que solicitado pela equipe que acompanha o paciente): equipamento que controla o volume de dieta enteral a ser infundido no paciente.
Água filtrada e/ou fervida: em temperatura ambiente.


Utensílios e Alimentos
O cuidador precisa ter muita calma e paciência, estabelecer horários regulares e criar um ambiente tranqüilo e não deve interromper a alimentação do paciente com outras atividades.
São orientações importantes:
Para receber a alimentação a pessoa deve estar sentada confortavelmente, para evitar que ela se engasgue.
Lembrar que a pessoa precisa de um tempo maior para se alimentar, por isso não se deve apressá-la.
É necessário que o ambiente e utensílios sejam bem higienizados para não ocorrer contaminação durante o preparo dos alimentos. A pessoa responsável pelo preparo do alimento deve ter um cuidado com a sua higiene pessoal tais como: unhas limpas e cortadas, cabelos presos, sem uso de adornos (brincos, anéis pulseiras entre outros) com a finalidade de evitar a contaminação dos alimentos.
Observar os alimentos de preferência do paciente e elaborar, na medida do possível, pratos mais atrativos e saborosos. A pessoa com dificuldades para se alimentar aceita melhor alimentos líquidos e pastosos, como: legumes amassados, purês, mingau de aveia ou amido de milho, vitamina de frutas com cereais integrais. A temperatura dos alimentos servidos não deve ser muito quente e nem gelado.
Os utensílios de preparação da dieta (liquidificador, talheres, copos, panelas) do paciente devem ser separados e higienizados todas as vezes que forem utilizados.
Quanto à dieta alguns requisitos devem ser observados.
O tipo da dieta:


Dieta Enteral
O que é
É quando a dieta é fornecida ao paciente na forma líquida, por meio de uma sonda que é colocada no nariz ou na boca, até o estômago ou intestino.
Cuidados: A sonda é presa à parede do abdômen, fixada com fita adesiva hipoalergênica, para evitar trações e deslocamentos indesejáveis. Em caso de deslocamento, vazamento ao redor da sonda ou dor no momento da administração da dieta, deve-se interromper a infusão e acompanhar o seu médico ou equipe que o acompanha.
Posso passar outros líquidos pela sonda?
 Não se deve passar nada pela sonda sem a autorização do nutricionista. Seguir as orientações quanto ao volume de água para hidratação, chá ou suco sem açúcar, que deve ser administrado no intervalo entre as dietas, com seringa ou num frasco com equipo, com Oe mesmos cuidados que a dieta. Utilizar sempre água filtrada e fervida, na temperatura ambiente. Evitar chá preto, chá mate, chá verde, vermelho ou branco, que contém cafeína.
Vias de Administração
*Intermitente: É o método mais utilizável. Utiliza à força da gravidade, a sonda pode estar localizada no estômago, no jejuno, ou no duodeno. Pode ser administrada solução de até 500 ml a cada 3 a 6 horas. Ela se divide em Bolus e gravitacional.
*“bolus”: É o método preferível, porque leva menos tempo e garante mais liberdade ao paciente. Não requer a utilização de bomba de infusão. A solução pode ser administrada através de um a seringa de 100 350 ml, no estômago a cada 2 a 6 horas.
Procedimento: aspirar à dieta com a seringa; conectar a seringa na sonda. Lentamente, empurrar o êmbolo da seringa, para que aos poucos a dieta seja infundida. Não ultrapassar 20 mL por minuto.
Após a administração de cada etapa da dieta enteral, aspirar 20 mL de água com a seringa e injetar na sonda para lavá-la.
*Gravitacional: Administração da dieta em frasco por gotejamento, suspenso em suporte. Permite uma utilização mais lenta que o bolus e muitas vezes é melhor tolerada.
Procedimento: conectar o equipo ao frasco plástico descartável ou diretamente no frasco da dieta (se for o sistema fechado). A pinça do equipo deve estar fechada. Suspender o frasco pelo menos 60 cm acima da cabeça do paciente. Abrir a pinça para permitir que o líquido escorra até o outro extremo do equipo, fechar a pinça, conectar o extremo do equipo na sonda e regular a velocidade de administração com o equipo.

*Contínua: É o método mais oneroso, pois requer a utilização de bomba de infusão. Pode ser administrada no estômago, no jejuno e no duodeno. O volume da solução é administrado a cada 12 ou 24 horas (50 a 150 ml/hora).
Procedimento: conectar o equipo da bomba com a pinça fechada ao frasco da dieta enteral. Suspender o frasco pelo menos 60 cm acima da cabeça do paciente. Abrir a pinça para permitir que a dieta corra até o outro extremo do equipo. Fechar a pinça. Colocar o equipo na bomba de infusão e seguir as instruções corretas de cada bomba. Conectar o extremo do equipo à sonda e regular a velocidade de administração da dieta enteral. Abrir a pinça do equipo e iniciar a infusão.

Indicações:

A nutrição enteral está indicada, basicamente, todas as vezes que o paciente não pode comer, não deve, não consegue ou o faz de maneira insuficiente. Também é utilizada para corrigir distúrbios metabólicos.

Contra- Indicações:
Obstrução intestinal completa, fístula digestiva de alto débito (> 500 ml), instabilidade hemodinâmica, incapacidade completa de absorção, dor pós-prandial intensa, vômitos, diarréia grave (perdas > 1500 ml/dia), síndrome do intestino curto.



Conservação:
A conservação da nutrição enteral deve fornecer condições apropriadas de higiene e temperatura para garantir a estabilidade físico-química e padrão microbiológico da dieta. Dessa maneira, a dieta industrializada deve ser rotulada e conferida, devendo ser conservada sob refrigeração, em geladeira, com temperatura de 2°C a 8°C.
Sobras:
O sistema fechado pode ser armazenado em temperatura ambiente, seguindo data de validade indicada pelo fabricante. Após abertura do frasco, o prazo de validade é de 24 a 48 horas, mas também deverá seguir a recomendação do fabricante quanto à refrigeração.
Tipos de dietas Enterais
Industrializadas

Dieta composta por nutrientes na sua forma sintética ou não, onde os mesmos são adicionados em proporções corretas de acordo com as necessidades nutricionais do paciente. É uma dieta completa e balanceada que podem ser encontradas na forma líquida ou em pó.
Divisão das dietas industrializadas:

*Sistema aberto: É uma dieta em pó, e há necessidade da adição de água.
Verificar data de validade, higienizar a embalagem da dieta com água, sabão e álcool 70%. Agitar o produto antes do envase.

*Sistema fechado: É a dieta líquida, pronta, estéril.
Em embalagens de dietas líquidas e sistema fechado verificar data de validade e agitar o produto antes de utilizá-lo.

Indicações: São indicadas para nutrição enteral e parenteral.

Contra- Indicações: Apesar de ser a mais segura microbiologicamente, devido ao seu alto custo, nem todos os pacientes conseguem adquiri-la, tendo que utilizar à artesanal.

                                                         Dieta Artesanal
O que é
Dieta preparada à base de alimentos na sua forma original (in natura) que deverá ser cozida, liquidificada e coada garantindo assim uma viscosidade e consistência adequadas para fácil introdução através de sondas. Pode ser adicionada de suplementos nutricionais industrializados.
Cuidados:
Caso exista opção de se utilizar dieta enteral caseira/artesanal, lave bem os alimentos com água corrente, prepare conforme orientações prescritas.

Indicações:
-Quando o paciente possui a capacidade de digestão e absorção dos nutrientes;
 -Situação clínica estável;
-Situação econômica.
Contra- Indicações: Contaminação microbiológica.
Conservação:
A dieta Artesanal deve ser utilizada imediatamente após sua manipulação. Essa dieta tem um menor custo, porém requer um maior cuidado na manipulação e higienização dos alimentos. Esse tipo de dieta tem validade de até 24 horas após o seu preparo, se conservada adequadamente, em geladeira.

Sobras:
 As sobras das dietas artesanais devem ser desprezadas.

Complicações da Nutrição Enteral

·         Gastrintestinais:
·         Desconforto,
·         Distensão e cólica abdominal,
·         Náuseas e vômitos,
·         Diarréia / obstipação,
·         Estase gástrica,
·         Refluxo gastroesofágico.

Metabólicas:
·         Hiperidratação / Desidratação
·         Distúrbios hidroeletrolíticos
·         Hiperglicemia / Hipoglicemia
·         Alterações da função hepática

Infecciosas:
·         Gastroenterocolites (contaminação microbiana)

Mecânicas:

·         Erosão da mucosa nasal
·         Irritação nasofaríngea
·         Otite, sinusite, faringite
·         Esofagite
·         Obstrução da sonda
·         Deslocamento da sonda

Respiratórias:
·         Aspiração pulmonar

Psicológicas:
·         Ansiedade
·         Depressão
·         Falta de estímulo ao paladar
·         Monotonia alimentar
·         Insociabilidade
·         Inatividade

Nutrição Parenteral
O que é
É quando ocorre a administração endovenosa de macro e micronutrientes, por meio da via periférica ou central.
Cuidados:
A nutrição parenteral é necessária nos casos em que a alimentação oral normal não é possível, quando a absorção de nutrientes é incompleta, quando a alimentação oral é indesejável e, principalmente, quando as condições mencionadas estão associadas, ou podem evoluir para um estado de desnutrição.
As principais complicações são: a colonização do cateter, a infecção do sítio de inserção do cateter, infecção do reservatório, infecção do túnel, infecção da corrente sangüínea relacionada ao cateter e a infecção da corrente sangüínea relacionada ao líquido infundido.
Vias de Administração:
*Nutrição Parenteral Periférica:
A Administração é direta em uma veia periférica, deve ser utilizada por períodos curtos, cerca de 7 a 10 dias.
*Nutrição Parenteral Central
A Administração é direta em uma veia central (em geral veia cava superior), pode ser utilizada por períodos longos, mais que 7 a 10 dias.
Indicações:
A dieta Parenteral é indicada para descansar o trato gastrointestinal e quando não há possibilidade de administração de dieta oral e enteral.
Contra-Indicações: Instabilidade hemodinâmica (do sangue).
















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